Considerada uma doença da mulher contemporânea, a Endometriose acomete mais de 70 milhões de mulheres em todo o mundo.
O grande desafio é reconhecer a doença que diminui substancialmente a qualidade de vida de muitas mulheres.
Atinge entre 5 a 15% das mulheres na fase reprodutiva; é muito rara antes da menarca (primeira menstruação) e seus sintomas tendem a diminuir após a menopausa(última menstruação).
A Endometriose caracteriza-se pela presença do endométrio (tecido que reveste a cavidade do útero) fora do útero. Nela, este tecido se implanta fora do útero, comprometendo órgãos como: ovários, ligamentos pélvicos, intestino, bexiga, apêndice e vagina.
Estudos indicam ser uma doença genética, com taxas de Endometriose de 4,8% a 8,8% em irmãs de portadoras do problema. Outra hipótese é que esteja relacionada com possíveis deficiências do sistema imunológico.
Cerca de 40 % das pacientes com Endometriose são inférteis.
Os sintomas mais comuns são:
cólicas menstruais progressivas (dismenorreia)
infertilidade
dor pélvica crônica
dor durante a relação sexual (Dispareunia)
dor ou sangramento ao evacuar/urinar durante o período menstrual.
O grande desafio inicial é reconhecer a doença: há geralmente um intervalo de sete a doze anos entre o surgimento dos primeiros sintomas e o diagnóstico; muitas mulheres consultam médicos das mais diversas especialidades e até muitos ginecologistas e demoram a obter o diagnóstico correto – As causas da demora no diagnostico são a falta da percepção da gravidade dos sintomas por parte da paciente e algumas vezes do próprio médico ao não levar em conta que a paciente com sintomas menstruais exacerbados tem risco aumentado de desenvolver Endometriose.
O primeiro passo na avaliação de uma paciente com suspeita de endometriose é a anamnese feita de maneira cuidadosa; além deste interrogatório inicial (anamnese), o exame ginecológico é fundamental: mobilidade uterina reduzida, útero em uma posição fixa, nódulos dolorosos atrás do colo uterino (retrocervicais) ou massas em região de ovários são bastante sugestivos de Endometriose ovariana ou profunda.
Uma entrevista bem conduzida e exame físico cuidadoso permitem ao médico estabelecer ou eliminar a hipótese de Endometriose; no entanto, o diagnóstico pode-se basear na utilização de testes complementares, como o exame laboratorial conhecido como CA 125, muito utilizado, mas não específico para Endometriose.
Portanto, é preciso cuidado na interpretação do resultado do CA 125, pois outras doenças podem resultar num aumento dos níveis deste marcador.
Exames de imagens são capazes de fornecer informações detalhadas sobre locais passíveis de implante de Endometriose; os mais utilizados são a ultrassonografia transvaginal, a ressonância magnética e colonoscopia.
O padrão ouro para o diagnóstico da Endometriose continua a ser a laparoscopia.
Concluindo, o exame ginecológico é fundamental na suspeita de Endometriose, pois vários sinais podem ser detectados; mesmo assim, os exames de imagem são mandatórios na suspeita desta doença, pois proporcionam um volume considerável de detalhes sobre ela.
Atualmente, não há cura para a Endometriose. As principais metas do tratamento são:
Aliviar ou reduzir a dor
Manter a mulher em amenorréia (sem menstruar)
Reverter ou limitar a progressão da doença
Preservar ou restaurar a fertilidade
Evitar ou adiar a recorrência da doença.
O mais importante do tratamento é oferecer qualidade de vida e planejamento das ações terapêuticas em comum acordo com a paciente.