A infância e a adolescência foram vividas em sua cidade natal, Porto Alegre. Na capital gaúcha, cursou o “melhor colégio da época” _ o público _ e optou pelo “Científico”(atual Ensino Médio), mais para “fugir do latim” do que por amor à ciência. Andava de bonde, vivia para o estudo, até que, já moço, conheceu uma “boemia sadia”: nas madrugadas, encontrar-se no Mercado Municipal para tomar sopa e jogar conversa fora com amigos como o compositor Lupicinio Rodrigues. Era 1957, quando Sérgio Fischer Chazan ingressava na Faculdade Federal de Santa Maria.
Depois do enfarte sofrido pelo pai, o jovem estudante de Medicina começou a flertar com a Cardiologia. Estudava tudo que se referisse ao motor do corpo humano. Nesse tempo, sua família mudara-se para São Paulo, onde Sérgio permanecia apenas durante as férias, aproveitando o tempo para estudar, já que ainda não tinha amigos na capital paulista. Num desses cursos de verão no Hospital das Clínicas, Sérgio Chazan descobriu a obstetrícia, pela qual, confessa sem se envergonhar, ficara “apaixonado”. Como a maternidade de Santa Maria era, a seu ver, “calma demais”, em 1963 veio fazer residência no Hospital das Clínicas.
“O maior espetáculo do mundo”
Seu primeiro emprego como médico foi na extinta Maternidade São Paulo, onde atuou mais de 25 anos e sobre a qual fala com saudade. “Era auxiliado por parteiras, não havia anestesia, levei muito pontapé no peito”, conta sorrindo, ao lembrar de uma madrugada em que era o único plantonista e precisou realizar três partos ao mesmo tempo. Aliás, lembranças não faltam. Momentos cômicos _ como quando cumprimentara o vizinho da grávida pelo recém-nascido, pensando que fosse o pai da criança _, tristes, mas em número muito superior de vezes, momentos muito felizes. “Em obstetrícia, adquiri ingresso para contemplar o maior espetáculo do mundo, o mais emocionante, o nascimento de GENTE”, revela.
Por ter um modo todo especial para “lidar com gente”, como ele diz, o Dr. Sérgio foi conquistando seu espaço e as pessoas por onde passava. Em 1964, 12 metros quadrados abrigaram seu primeiro consultório, no Conjunto Nacional. Tinha sete empregos, numa época em que ele frisa, “telefone era raro e não havia celular!”, locomovia-se da Consolação para Guarulhos, voltava ao Tatuapé, ia para a Vila Mariana. Dormia em média quatro horas por noite. Foi sócio da Interclínicas, trabalhou cerca de 20 anos no IAPI (antigo INSS), do qual também foi diretor…ingressou como plantonista na equipe do Hospital Samaritano, em 1963, onde ficou por 38 anos, dos quais os últimos 8, na direção.
Dois anos após entrar para a equipe do hospital, o ginecologista inaugurava o segundo consultório, à rua Frei Caneca. Seu espaço dobrou, e o médico chegou a atender mais de 20 pacientes por dia. Com o consultório e o corredor sempre cheios, em 1986, o Dr. Sérgio foi para a rua Chabad, nos Jardins, onde abriu com o filho, Franco, a Clínica Chazan. Esta possui atualmente duas unidades, uma em Pinheiros e outra no Itaim Bibi..
Apesar dos números _ Dr. Sérgio calcula ter feito mais de 4 mil partos _, o mais importante é que nesses 50 anos de carreira, ele deixou uma história. Tanto é que hoje, aos 74, atende as filhas e as netas de suas pacientes porque, além da inegável competência profissional, sempre teve a conduta balizada por um tratamento humano às grávidas e à mulher. “Não sei falar de ginecologia, sei apenas falar da mulher”, costuma dizer.
A história da Clínica Chazan continua com a mesma inspiração: com o melhor da medicina, cuidar (bem) de você, mulher.